segunda-feira, 17 de novembro de 2014

075 - Conferência em Kiel

(Desenho por Guida Casela)
 
Durante o dia de hoje, o NIA estará na Universidade de Kiel (Alemanha) para participar num seminário de mestrado daquela instituição, com uma conferência alusiva aos Recintos de Fossos portugueses.

Aqui fica o resumo da comunicação:
A investigação de Recintos de Fossos do Neolítico Final e Calcolítico é um desenvolvimento relativamente recente no âmbito da Pré-história recente portuguesa. Nas últimas duas décadas, tem vindo a ser identificado um significativo número destes complexos sítios, revelando diferentes arquiteturas, dimensões e implantações topográficas. Investigações recentes têm vindo a demonstrar a importância dos recintos de fossos na construção das paisagens Neolíticas. Nesta conferência será apresentada uma síntese dos dados cronológicos disponíveis, temporalidades, arquitetura e design, dimensões, relações com a paisagem e práticas sociais desenvolvidas naqueles espaços, com particular enfase dado às práticas funerárias. Serão ainda discutidos os papéis sociais desempenhados por estes sítios, sobretudo no âmbito do que hoje sabemos ser um fenómeno em larga escala.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

074 - Sondagens arqueológicas Variante dos Capuchos

Os trabalhos de diagnóstico arqueológico na Variante dos Capuchos (Leiria) consistiram na escavação manual de uma sondagem com 12m de comprimento por 1m de largura, numa cascalheira de um terraço fluvial do Rio Lis.  
Este terraço corresponde ao encaixe do rio no Plistocénico, recortando o substrato constituído por margas de A-Gorda, posteriormente preenchido por depósitos quaternários através de uma série de processos fluviais dinâmicos. É nestes depósitos que os artefactos arqueológicos se encontram. O conjunto artefactual é constituído por indústria lítica de pedra lascada crono-culturalmente enquadrável no Acheulense (Paleolítico Inferior). O seu estudo criterioso assume assim uma extrema importância para o conhecimento das ocupações humanas mais antigas da Península Ibérica.

Figura 1 – Vista geral do sítio intervencionado.

Os trabalhos de escavação arqueológica estão terminados, encontrando-se já reunida uma equipa multidisciplinar de especialistas em Pré-História Antiga e Geologia, tanto da Era-Arqueologia como das Faculdades de Ciências de Lisboa e Coimbra, que analisará os dados recolhidos com vista a uma publicação que certamente trará novidades.

Figura 2 – Vista de pormenor de um dos cortes expostos pela intervenção arqueológica e onde são visíveis dois dos quatro níveis de cascalheira.

Tiago do Pereiro
Andreia Pinto

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

072 - O NIA no VIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste


O NIA-ERA estará presente no VIII Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular (24-26 de Outubro) com quatro comunicações.

Três delas decorrem do Projecto dos Perdigões, incidindo sobre processos de preenchimento de fossos e conjuntos artefactuais específicos.

António Valera falará "Sobre a colmatação de fossos na Pré-História Recente: o preenchimento dos fossos Neolíticos dos Perdigões (Reguengos de Monsaraz)".

Patrícia Castanheira e Nelson Cabaço falarão sobre “Quotidianos em Osso: Algumas notas à Indústria Óssea dos Perdigões”

 A terceira será relativa aos materias em ouro, intitulando-se "As lâminas de Ouro do Túmulo 2 dos Perdigões (Reguengos de Monsaraz)” e será assinada por António Monge Soares, Pedro Valério, Luís Cerqueira Alves e António Valera.

A quarta resulta da intervenção de minimização realizada pela ERA Arqueologia na ETAR de Vila Nova de Mil Fontes e será efectuada por António Valera e Jorge Parreira sob o título "Ocupação calcolítica da costa alentejana: problemáticas levantadas pela nova intervenção na ETAR de Vila Nova de Mil Fontes (Odemira)"

Será ainda apresentada uma outra comunicação referente à "Avaliação de impactos em Arqueologia: dados e ideias para uma mudança de paradigma", da autoria de Miguel Lago, responsável pelo Departamento Técnico.
 
 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

071 - O NIA no Congresso da UISPP


O NIA estará presente no próximo congresso do UISPP em Burgos com duas comunicações e dois posters, onde os recintos de fossos, os Perdigões e as questões funerárias com eles relacionadas serão uma vez mais tratadas.
Comunicações:
Are some ditched enclosures funerary ceremonial centres? Questioning the current data from 3rd millennium South Portugal (António Carlos Valera)
Resting in peace or in pieces: Tomb I and death management in the 3rd millennium BC at the Perdigões Enclosure (Reguengos de Monsaraz, Portugal) (Lucy Evangelista; Ana Maria Silva)
Posters:
Funerary practices of the Chalcolithic period: the collective secondary cremations at Perdigões enclosure. (António Carlos Valera; Inês Leandro; Daniela Pereira; Ana Maria Silva)
Mercury and Stable Isotope Analysis of Human Bone from a Late Neolithic/Chalcolithic Ditched Enclosure at Perdigões, Portugal (Steven D. Emslie; Rebecka L. Brasso; William P. Patterson; Ana Maria Silva; Hugo Gomes; António Carlos Valera)

domingo, 6 de julho de 2014

070 - Arqueólogos em Portugal têm novos limites...


A integração, em equipas de arqueologia, de especialistas de outras áreas científicas pode ser fundamental. Os casos em que a arqueologia se cruza com a antropologia biológica, é disso um bom exemplo. No próprio Regulamento de Trabalhos Arqueológicos (RTA), a legislação que regula a arqueologia em Portugal, existe um articulado específico sobre esta matéria, considerando que (e muito bem) devem ser integrados especialistas daquele domínio nas equipas de escavação arqueológica de contextos funerários.

Recentemente, de forma surpreendente e sem qualquer debate prévio com a esmagadora dos arqueólogos portugueses, a DGPC – Direcção Geral do Património Cultural decidiu alterar a forma de intervencionar contextos arqueológicos com restos humanos. Para tanto, divulgou um documento (Circular*), através do qual são realizadas alterações profundas à legislação em vigor para a arqueologia, a coberto de uma suposta particularização de alguns procedimentos definidos no RTA.

Tenho uma opinião muito clara sobre este documento e sobre a forma como foi elaborado e divulgado. Sendo muito sintético, direi apenas o seguinte sobre a já célebre “Circular de Antropologia” da DGPC:

- em relação à forma, esta circular é ilegal porque é  proibido emitir actos normativos (que não são leis) que interpretem, preencham lacunas ou complementem leis ou decretos-lei. Ou seja, a DGPC  não tem competências para emitir as normas que integram esta circular, nem pode exigir algo que não está no RTA ou que contradiz o que ali está definido;

- em relação ao conteúdo e ao atribuir a especialistas de antropologia biológica a responsabilidade pela escavação de contextos com restos humanos,  esta circular viola em absoluto os princípios do RTA que definem que cabe a arqueólogos a direcção de todas as categorias de trabalhos arqueológicos, incluindo aqueles que se realizem em contextos com restos humanos.

Com esta circular, a DGPC altera em absoluto alguns do pressupostos legais em vigor e atribui a especialistas, que não estão preparados para tal, responsabilidades dos arqueólogos, únicos profissionais formados para dirigir escavações arqueológicas. Refira-se que, para além do aspecto legal e corporativo, nenhum nível de formação em antropologia biológica ministrado em Portugal inclui competências em arqueologia. Assim sendo, como é possível atribuir responsabilidades a quem não tem formação específica, retirando-as a quem é devidamente formado para esse efeito?

Independentemente de eventuais e virtuosas intenções, a “Circular de Antropologia” foi um lamentável e grosseiro erro cometido pela tutela do património arqueológico. Esse erro deve ser assumido e reparado através da revogação do acto administrativo que lhe está inerente.

Talvez depois, de forma serena e em diálogo com os profissionais de arqueologia, seja possível iniciar um processo que permita incrementar a qualidade das intervenções arqueológicas em contextos com restos humanos, nos quais a participação de antropólogos é, evidentemente, fundamental.

Se nada for feito, estaremos mais uma vez a contribuir para a implementação de práticas que, através da desresponsabilização dos arqueólogos, contribuirão para a defesa dos mais incompetentes e daqueles que assentam a sua acção profissional em baixos níveis de qualidade.

"Circular de Antropologia da DGPC"

quinta-feira, 19 de junho de 2014

069 - Retorno Social


 
 
Na próxima semana decorrerá em Serpa a segunda acção piloto realizada no âmbito do projecto FCT PTDC/HIST-ARQ/

114077/2009, “Práticas funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo e retorno sócio-económico de programas de salvamento patrimonial”, financiado pela FCT e pelo programa COMPETE, comparticipado pelo FEDER.

Depois da exposição dos resultados no 12º colóquio anual da ERA Arqueologia e da primeira acção piloto (um concurso de ideias lançado aos alunos do Instituto Politécnico de Beja), surge agora um workshop orientado para empreendedores locais. O objectivo é o mesmo. Inteirá-los do potencial do conhecimento arqueológico que tem vindo a ser construído pela Arqueologia de minimização na região (concretamente no que respeita à Pré-História Recente) e motivá-los a utilizarem esse conhecimento na sua actividade empreendedora como factor diferenciador.
 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

068 - Escavações nos Perdigões em preparação.



No mês de Julho voltam as escavações nos Perdigões, agora com um novo projecto plurianual para 2014 - 2017. No campo irão estar as equipas da ERA-NIA e da Universidade de Málaga.

No NIA estamos em fase de apreciação das candidaturas. Tarefa complicada, pois há 79 candidatos para 14 lugares. É quase sempre assim todos os anos. E é sempre com um lamento que não se dá resposta positiva a todos aqueles que se interessam pelo projecto e por com ele colaborar nos trabalhos de campo.

A colaboração com a Universidade de Bradford continua, recebendo estudantes no âmbito do seu programa de formação académica.

Steven Emslie da Universidade da Carolina do Norte, que está a desenvolver estudos de isótopos estáveis em restos humanos dos Perdigões, juntar-se-á à equipa da ERA e investigadores da universidade de Alcalá de Henares (Primitiva Bueno e Rodrigo Balbín) irão colaborar com a equipa de Málaga na remoção e estudo da estela-menir que se encontra fragmentada numa fossa na Porte NE.

Em breve daremos indicações sobre como seguir (quase dia a dia) o desenvolvimento dos trabalhos.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

067 - Pré-história Antiga no Baixo Alentejo

Os vazios espaciais existentes nos mapas de distribuição das ocupações humanas resultam em grande parte de um profundo desconhecimento do território, mas também da falta de sensibilidade e problematização dos contextos. De vez em quando surgem novidades, deixadas como impressões digitais no terreno, que nos deixam perplexos com a dinâmica da passagem humana por determinadas áreas geográficas.




A imagem, acima exposta, ilustra uma dessas novidades, que, não sendo à partida totalmente desconhecida, foi votada ao esquecimento durante décadas, talvez em parte, pelo aparecimento massivo de contextos de estruturas negativas que povoam a vasta planície alentejana. Mas não nos iludamos, o território em que trabalhamos não é estanque no espaço e no tempo, antes sofreu uma série de processos dinâmicos que lhe alteraram a face, até ao produto que hoje conhecemos.




É com a perspectiva de melhor conhecer o território antigo e os indivíduos que sobre ele caminharam, que se começa a lançar bases para um projecto de estudo. A partir de agora, certamente existirá uma maior atenção para o legado que os primeiros grupos de caçadores-recolectores nos deixaram nas margens do Guadiana.




Andreia Pinto
Tiago do Pereiro
João Pedro Cunha-Ribeiro

terça-feira, 3 de junho de 2014

066 - Trabalhar pela Arqueologia


Amanhã, no Instituto Politécnico de Beja decorrerá uma acção piloto que visa começar a levar à prática alguns dos objectivos alcançados no âmbito do projecto FCT PTDC/HIST-ARQ/
114077/2009, “Práticas funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo e retorno sócio-económico de programas de salvamento patrimonial”, financiado pela FCT e pelo programa COMPETE, comparticipado pelo FEDER.
Trata-se de um projecto desenvolvido pelo NIA-ERA, em colaboração com o IPT, CIAS-UC e SOCIUS-ISEG, que pretendeu identificar a situação de conhecimento e valorização publica relativamente ao trabalho arqueológico e conhecimento produzido no âmbito de intervenções de salvamento no Baixo Alentejo, delinear estratégias de divulgação e fruição de conhecimento e formas do mesmo ser canalizado para a sociedade, por forma a ser utilizado pelos agentes socio-económicos locais como estratégia diferenciadora ao serviço da economia e desenvolvimento a escala local e regional.
Depois dos resultados (quase) finais apresentados no último colóquio da ERA Arqueologia S.A. (no passado mês de Maio, no ISEG), é agora altura de levar a cabo um conjunto de acções piloto que visam estimular os agentes locais.
A primeira será um concurso de ideias que procura estimular a criatividade com recurso ao conhecimento arqueológico. Os alunos do Instituto Politécnico de Beja participarão numa sessão em que lhes serão apresentadas as principais linhas inovadoras, verdadeiramente revolucionárias, relativamente ao conhecimento arqueológico da Pré-História Recente que têm resultado das acções de minimização na região e serão convidados a idealizar um projecto de negócio em que incorporem parte desse conhecimento arqueológico como factor diferenciador. Todas as áreas de negócios e profissões podem ser contempladas.
As ideias projecto serão depois submetidas a avaliação de um júri, composto por membros da equipa do projecto, Politécnico de Beja, e pela Business Angels Club (delegação do Alentejo). As melhores ideias serão posteriormente apresentadas publicamente e, quem sabe, alguma vingue como um novo investimento que utilize e promova o conhecimento arqueológico.
No final do mês nova acção se segue.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

065 Pré-inscrições para escavações no Complexo Arqueológico dos Perdigões


Estão abertas as pré-inscrições para escavações no Complexo Arqueológico dos Perdigões




As candidaturas deverão ser enviadas para antoniovalera@era-arqueologia.pt indicando:
Nome, Morada, Idade, Email e Quinzena pretendida (14 a 26 de Julho ou 28 de Julho a 09 de Agosto).

Deverão fazer-se acompanhar de um currículo resumido, com indicação das habilitações académicas e experiência já adquirida em escavações arqueológicas.
 
NOTA: Aos participantes será fornecido alojamento (em casas, sem necessidade de saco cama nem toalhas), alimentação (sem pequeno almoço incluído) e transporte de e para a escavação durante a mesma. Ficará a cargo dos participantes o pequeno almoço e a viagem de ida e volta para Reguengos de Monsaraz. O horário de trabalho é de oito horas por dia, sendo o trabalho de campo repartido entre as 7.00 e 12.00 e as 16.30 e 19.30.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

064 Colaborações do NIA com a academia


Na continuidade das colaborações com diversas universidades nacionais e estrangeiras, O NIA participou no Master  de Arqueologia da Universidade de Valência (Espanha) com uma conferência relativa às relações entre recintos de fossos e práticas funerárias no interior alentejano. Nesta conferência foram apresentados os dados mais recentes e disponíveis sobre as conexões entre aquelas arquitecturas e práticas, as quais podem ser observadas a diferentes níveis: ao nível das comologias, ao nível da construção de paisagens significantes, ao nível da estruturação espacial de recintos e necrópoles e ao nível dos próprios recintos.
As práticas funerárias continuarão a ser tema para nova colaboração, agora no mestrado de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a palestra sobre "As práticas funerárias do Neolítico Final à Idade do Bronze no interior alentejano”





quinta-feira, 15 de maio de 2014

063 Ano após ano, o Colóquio da ERA


Amanhã teremos mais um colóquio da ERA.

Não o fazemos por rotina nem obrigação. Realizamo-lo, ano após anos, por convicção e porque acreditamos que continua a ser um importante momento de comunicação e reflexão da ERA com o exterior. Concretizado em torno de temas relevantes e inovadores sobre o Património e a partir dos projectos que desenvolvemos ou de questões que nos preocupam e que gostamos de ver debatidas, a organização deste ano assentará numa parceria com o SOCIUS (ISEG). Ou seja, mais uma vez demonstraremos as virtualidades que decorrem da interacção entre empresas e universidades. No presente caso, a inédita articulação entre as áreas da Arqueologia/Património e da Gestão é, por si só, um acontecimento.

Mas teremos mais, porque amanhã também será um momento de dignificação dos profissionais da ERA e de todos aqueles que colaboram quotidianamente nos nossos projectos. Será um dia em que directa ou indirectamente o seu trabalho será exposto, divulgado e escrutinado publicamente.


A dinâmica da ERA assenta numa visão que sempre tivemos: que o nosso trabalho em Arqueologia e Património tem que ter consequências culturais, sociais e económicas; que o nosso trabalho não pode ser invisível; que o nosso trabalho tem que beneficiar os nossos clientes e a sociedade em geral, contribuindo para a investigação, salvaguarda e preservação do nosso Património colectivo. E assim continuaremos a ser...

terça-feira, 13 de maio de 2014

062 12º Colóquio Era: Resumos


O 12º Colóquio da Era decorrerá já esta sexta-feira (dia 16), no Auditório Caixa Geral de Depósitos, no ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão).



Entretanto, não deixem de consultar os resumos das comunicações a ser apresentadas.


Justificação e Objectivos de um projecto FCT
António Carlos Valera
 
 Serão apresentadas as razões que conduziram à concepção e desenvolvimento do projecto “Práticas funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo e retorno sócio-económico de programas de minimização de impactes” aprovado e financiado pela FCT e os objectivos que se pretenderam alcançar. Esta comunicação servirá de introdução às quatro que se seguem e que apresentarão resultados de uma das dimensões de investigação que integraram o projecto.
 

Arqueologia de Salvamento: Oportunidade Estratégica ou Custo Afundado?
Patrícia Caldeira Jorge
 
A Arqueologia de Emergência é vista como um custo irrecuperável, algo que se cumpre para não incumprir. Mas e se dela puder emanar um admirável mundo novo de alternativas que torna o custo de oportunidade de não fazer nada incomportável para o promotor e para a sociedade? Quanto custa a uma comunidade ou a um promotor perder a oportunidade de se diferenciar ou de criar novos produtos e serviços? A Arqueologia deve estar ao nível do pensamento estratégico, toca nas pessoas, nos seus valores e na sua ética, o que de mais nobre uma marca quer transmitir ao mercado ou um lugar pode ambicionar. Numa altura em que tanto se escrutinam as questões da sustentabilidade pode continuar a passar-se ao largo da riqueza de conhecimento gerado pela arqueologia de salvamento e não a accionar? Como as regiões podem dar alento a novos projectos e às suas gentes a partir do conhecimento gerado: a Arqueologia como rastilho do ânimo económico, exemplos paradigmáticos.
 

O Valor Social de Programas de Valorização do Património Cultural: O Caso de Brinches e Sobreira de Cima
Isabel Mendes  and Manuel Coelho
Lisboa School of Economics and Management, University of Lisbon

Nesta comunicação, pretendemos analisar as alterações no bem-estar das comunidades locais, associadas à implementação de um hipotético programa de valorização do conhecimento arqueológico obtido através de actividades de arqueologia de salvação, implementadas na região de Brinches e de Sobreira de Cima. Para tal, usaremos um dos métodos de quantificação monetária de externalidades, o método da Valorização Contingencial (VC). Este método baseia-se na análise qualitativa e quantitativa das preferências que as pessoas expressam por alterações no capital natural e patrimonial, permitindo quantificá-las num único valor monetário. Este valor monetário é uma proxi para o valor económico do programa de valorização hipotético proposto e para as alterações do bem-estar das populações a ele associadas. A população da região mais directamente afectada pelo programa demonstrou ter uma preferência positiva relativamente elevada pelo programa, declarando uma disposição individual máxima em contribuir mensalmente e durante cinco anos para o co-financiamento da sua hipotética entidade gestora, com 0.66 (1.24) euros. Concluímos que o programa tem um valor aproximado de 1 325 339,63 euros (2 490 032,04 euros). As nossas estimativas são coerentes com outras, como o demonstra a análise da literatura e da prática da valorização económica de decisões que impliquem alterações no património cultural. Estas estimativas deverão ser, no entanto, utilizadas com os cuidados de utilização habituais para qualquer estimativa obtida com base nestes métodos de valorização económica de alterações do bem-estar social. As estimativas podem ser utilizadas no processo de tomada de decisão sobre o património cultural da região, ao facilitar as respostas a questões como: deverá a sociedade gastar recursos escassos com a valorização cultural, quando a quantidade e o tipo de benefícios, e o retorno dos respectivos investimentos, são imprevisíveis e de difícil percepção e de quantificação? Que entidades deverão financiar o processo de valorização? Até que ponto as comunidades estão dispostas a aceitar e a comprometer-se, activamente, no processo de valorização?

Uma questão de comunicação....para começar a conversa!!!
Ana Calapez Gomes
A construção e sustentação de redes de entidades heterogéneas é indispensável tanto ao financiamento como à implementação de projetos de desenvolvimento a nível territorial. A questão da qualidade do fluxo de informação e comunicação entre as partes envolvidas, a nível local e não só, decorre desta necessidade, assim como a confiança indispensável a qualquer ação baseada na cooperação.
Portugal tem uma velha tradição de isolamento grupal associado a uma diferenciação social e de poder muito marcada, o que dificulta o estabelecimento de relações entre pares cooperantes. A região do Alqueva não foge a esta regra.
Com base na análise de conteúdo de 35 entrevistas semidirigidas constatámos a inexistência de conflitos fraturantes na região, no entanto, os fluxos de comunicação apresentam apenas um sentido horizontal (entre pares) e vertical (de cima para baixo). A comunicação vertical (de baixo para cima) é escassa e os fluxos transversais praticamente inexistentes. Sendo assim, as condições para a criação de redes de atores sociais cooperantes não estão criadas, pelo que advogamos uma intervenção/ acompanhamento baseado em entidade apercebida como neutral.

Criatividade e clustering na valorização turística em arqueologia de salvamento
Idalina Dias Sardinha, David Ross, Sandra Loureiro

O património arqueológico representa actualmente uma parte importante da oferta turística do Baixo Alentejo.
A intervenção arqueológica decorrente dos estudos de impacte ambiental da barragem do Alqueva produziu resultados que permitem compreender melhor a história da ocupação humana deste território, apresentando potencial para enriquecer a oferta de actividades culturais e turísticas com base na arqueologia. Porém, tendo em conta que a maior parte dos achados foi destruída para dar lugar às infraestruturas da barragem e sistema de rega, a sua valorização turística não é possível nos moldes tradicionais (i.e. visita a locais arqueológicos).
Para compreender como se pode valorizar esse património arqueológico inacessível aplicou-se uma abordagem com base em: entrevistas semi-dirigidas aos stakeholders regionais do turismo e património e aos promotores de obras responsáveis pelos estudos de impacte ambiental efectuados; foi também aplicado um questionário a turistas e residentes na região.
Os resultados fundamentais mostram que há interesse por parte dos inquiridos em integrar o conhecimento arqueológico na oferta turística existente, bem como os desafios inerentes, e indiciam a existência de um proto micro-cluster de turismo arqueológico na região. Após análise crítica e comparativa com outros trabalhos, estes resultados sugerem que a valorização deste recurso intangível deve passar por: i) uma abordagem de valorização inovadora à luz do turismo criativo; e ii) um trabalho de cooperação entre os actores envolvidos num processo de crescimento e clustering temático.
Este trabalho apresenta as limitações, estrutura e condições para esta abordagem criativa e processo de clustering.


O hipogeu calcolítico do Monte da Comenda 3

Sandrine Fernandes e Sónia Ferro



Quinta do Estácio 6. Exemplo de longa diacronia de um espaço de necrópole (Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro)
Tiago do Pereiro e Rui Mataloto

O sítio Quinta do Estácio 6 (Beja) foi intervencionado por uma equipa Era Arqueologia/Omniknos no âmbito de trabalhos de minimização de impactes sobre o património arqueológico decorrentes da construção do Circuito Hidráulico Baleizão-Quintos e Respectivo Bloco de Rega (EDIA). Em cerca de 1.5km de vala aberta foram identificadas cerca de 168 estruturas perfazendo um total de 378m2 de área escavada. Estas estruturas apresentavam uma ampla diacronia, desde o Neolítico Final até à Época Romana, representado por estruturas de âmbito doméstico e contextos funerários. Nesta apresentação dar-se-á destaque aos contextos funerários, nomeadamente à Necrópole da Idade do Ferro, representada por 2 Recintos e oito sepulturas.


A produção de cal no período romano – O sítio do Magra 3 (Baleizão)
Lúcia Miguel

O sítio do Magra 3 corresponde a uma área industrial vocacionada para a extração e transformação da pedra calcária em cal, com uma dinâmica de ocupação enquadrada no séc. I d. C, na qual é possível distinguir áreas de combustão, áreas de despejo e áreas de extração de matéria-prima.
Neste local foram identificados 8 fornos, implantados numa vertente relativamente acentuada no sentido de facilitar o acesso por baixo à câmara de combustão, escavados directamente no substrato rochoso, sendo ainda percetíveis em algumas zonas restos de argila de revestimento.
A escavação destes fornos permitiu a identificação de várias fases de ocupação, percetíveis através das remodelações e reconstruções existentes, sobretudo no que diz respeito às antecâmaras de acesso aos mesmos.
A datação obtida para este local (meados do séc. I d.C) aponta inequivocamente para uma utilização intensiva destinada ao abastecimento da cidade de Pax Julia (actual Beja).


Fracassos e novas práticas: repensar a avaliação de impactes em arqueologia
Miguel Lago

Pretende-se analisar os principais problemas que se têm colocado ao longo dos anos às equipas de avaliação de impactes e de gestão de projectos de obras que incluem componentes de arqueologia. Em Portugal os vestígios arqueológicos relevantes são, na maioria dos casos, detectados em fase de obras, decorrendo desse facto decisões mal ponderadas e informadas bem como constrangimentos à gestão dos projectos e à monitorização das medidas de minimização. Este problema tem origem na forma deficiente como são elaborados os Estudos de Impacto Ambiental. Face à experiência acumulada pela ERA Arqueologia pondera-se uma alteração de paradigma e apresenta-se um modelo de actuação mais eficiente que forneça aos parceiros envolvidos nestes processos e na execução de obras novas perspectivas de decisão e de gestão de projectos.



Vinte anos de arqueologia empresarial.
Henrique Pestana

Uma visão pessoal do desenvolvimento da atividade de arqueologia empresarial em Portugal na perspetiva do gestor e empresário: as relações entre os diferentes atores, a evolução do modelo de negócio e cenários para o futuro.
 

quarta-feira, 30 de abril de 2014

061 12º Colóquio da Era

Este ano a ERA leva a Arqueologia e o Património Arqueológico a uma escola de Gestão, organizando o seu colóquio anual em parceria com o centro de investigação SOCIUS do Instituto Superior de Economia e Gestão.

Para além da habitual apresentação de trabalhos realizados e comunicações de análise crítica sobre a Arqueologia Empresarial e sobre Estudos de Impacte Ambiental, serão discutidos os resultados de um projecto FCT (que teve como instituições participantes a ERA, o IPT, o SOCIUS e o CIAS) relativos a estudos sócio-económicos de património arqueológico intervencionado em Arqueologia de Salvamento no Baixo Alentejo. Poderão ver o que as comunidades da região sabem, o que pensam e como avaliam o interesse e o valor económico e social desse património através de inquéritos realizados com metodologias científicas; poderão conhecer os projectos-piloto previstos para a transferência de conhecimento arqueológico, por forma a ser utilizado nas dinâmicas sócio-económicas locais; poderão reconhecer, perante dados concretos, problemas e potencialidades que se colocam à divulgação do conhecimento arqueológico.

É já no dia 16 de Maio, no Auditório da Caixa Geral de Depósitos, no Instituto Superior de Economia e Gestão (Entrada pela Rua do Quelhas, 6). 




10.00h – Projecto “Práticas funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo e retorno sócio económico de programas de minimização de impactes”: apresentação de resultados de estudos sócio-económicos. Justificação e objectivos.  
António Carlos Valera

10.20h - Arqueologia de Salvamento: Oportunidade Estratégica ou Custo Afundado?
Patrícia Caldeira Jorge

10.40h - O Valor Social de Programas de Valorização do Património Cultural: o Caso de Brinches e Sobreira de Cima.  
Isabel Mendes  e Manuel Coelho

11.00h - Uma questão de comunicação....para começar a conversa!!! 
Ana Calapez Gomes

11.20h - Criatividade e clustering na valorização turística em arqueologia de salvamento
Idalina Dias Sardinha, David Ross e Sandra Loureiro

12.00h – Debate

15.00h – O hipogeu calcolítico do Monte da Comenda 3.
Sandrine Fernandes e Sónia Ferro

15.20h – Quinta do Estácio 6. Exemplo de longa diacronia de um espaço de necrópole
(Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro).
Tiago do Pereiro e Rui Mataloto

15.40h – A produção de cal no período romano – O sítio do Magra 3 (Baleizão).
Lúcia Miguel

16.40h – Fracassos e novas práticas: repensar a avaliação de impactes em arqueologia.
Miguel Lago da Silva

17.00h – Vinte anos de arqueologia empresarial.
Henrique Pestana

quinta-feira, 17 de abril de 2014

060 A Idade do Bronze em Portugal: os dados e os problemas

Nos próximos dias 28 e 29 de Abril, decorrerá em Abrantes a Mesa Redonda "A Idade do Bronze em Portugal: os dados e os problemas". A organização do evento é da responsabilidade do Instituto Politécnico de Tomar e pretende reunir nestes dois dias investigadores de Norte a Sul do país que nos últimos se têm dedicado ao estudo de comunidades do II milénio AC. O NIA marcará presença, na pessoa do seu director, o Doutor António Carlos Valera, com uma comunicação intitulada Continuidades e descontinuidades entre o 3º e a primeira metade do 2º milénio a.n.e. no Sul de Portugal.




sexta-feira, 4 de abril de 2014

059 O sítio Mesolítico Antigo da Cruz da Areia

No actual contexto da produção científica, a diversidade e multidisciplinaridade são fundamentais para o desenvolvimento de novos paradigmas e o descortinar de novas questões. No âmbito da arqueologia, a geoarqueologia tem-se posicionado como uma das principais áreas de contacto transdisciplinar, na qual há ainda muito a acrescentar. Exemplo disso é o trabalho desenvolvido por Tiago do Pereiro no âmbito do seu mestrado em Geoarqueologia, tese que veio a defender no início de Março. Num esforço louvável, o signatário, insatisfeito com os resultados obtidos através dos tradicionais processos de análise de contextos arqueológicos, lançou-se na procura de alternativas que enriquecessem o estudo do sítio epipaleolítico da Cruz da Areia.
À costumeira análise de materiais líricos e sua respectiva dispersão espacial, foi acrescentado um conjunto de outras análises de pendor geológico. Entre elas, analises granulométricas dos sedimentos e o estudo morfométrico de balastros, este último procurando sobretudo evidenciar eventuais padrões na selecção dos suportes utilizados por estas comunidades na produção dos instrumentos e utensílios recuperados durante as escavações do sítio, bem como daqueles que acabaram por ser utilizados como termoacumuladores no âmbito das várias estruturas de combustão identificadas. Em conjugação com o trabalho de remontagem dos produtos de debitagem, a sua análise morfo-tecnológica e a sua dispersão pelos vários sectores, este estudo permitiu a despistagem de processos pós-deposicionais e o avanço de algumas leituras da biografiade ocupação do sítio. Foram evidenciadas áreas de actividade preferencial e diferenças substanciais entre níveis antrópicos e naturais, permitindo um faseamento  mais fino das várias utilizações. Por outro lado, este estudo poderá ainda servir de base a futuras análises em sítios menos conservados do que este, nos quais a movimentação vertical e horizontal de materiais inviabilize uma clara distinção dos níveis ocupacionais e respectiva segmentação espacial. 
Este trabalho surge assim como um importante exemplo de como (ainda) é possível pensar fora das gavetas nas quais espartilhamos o nosso conhecimento. As novas perguntas e novos caminhos que extravasem os limites da compartimentação com que castramos a inovação são a engrenagem dos motores da ciência, abrindo espaço para novas ideias e novas teorias, novas gavetas, que espartilhem com mais folga, até que venham mais perguntas e o processo recomece.


O Tiago defendeu a sua tese, intitulada “O sítio Mesolítico Antigo da Cruz da Areia: uma abordagem (Geo)Arqueológica”, no passado dia 14 de Março. Parabéns ao novo Mestre!


sexta-feira, 28 de março de 2014

058 O NIA na Universidade de Valência


A convite da Universidade de Valência, António Valera, director do NIA, apresentará naquela Universidade, no âmbito de uma ciclo de conferências integrado no Mestrado de Arqueologia, uma comunicação alusiva àquele que tem sido um dos principais focos da investigação do Núcleo desde a sua criação:


Recintos de Fosso e Práticas Funerárias:
Dilemas de categorização na Pré-história Recente do Sul de Portugal.