Muito se tem
debatido a pertinência do estreitamento da relação entre a universidade e o
meio empresarial e do aumento do fluxo de know-how entre ambas as partes,
tentando a máxima rentabilização de recursos e investimento a longo prazo na
produção científica. Em arqueologia, o problema é gritante, sendo ainda
insuficiente este tipo de cooperações. Atente-se nas reservas de materiais à
beira ou mesmo no limite das suas capacidades. A maior parte dos materiais
provem de trabalhos de minimização ou escavações de emergência e não serão
submetidos a estudos mais aprofundados do que aqueles que a lei exige para a
produção de relatórios. Com tanta matéria-prima disponível é de estranhar que
tão poucos trabalhos académicos incidam precisamente sobre estes conjuntos.
Desde a sua criação, o NIA defende a necessidade do estabelecimento de colaborações sistemáticas com a
academia, no sentido de potenciar a produção de conhecimento científico, no
seguimento dos trabalhos empreendidos pela Era. O exemplo mais recente do
sucesso desta política interna surge sob a forma de uma dissertação de
mestrado, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: A ocupação rural islâmica no Baixo-Alentejo
– materiais do sítio dos Funchais 6 (Beringel). Este trabalho, da autoria
de Alberto Cardoso, vem então acrescentar novos dados ruralização do território
durante a ocupação islâmica, tendo o estudo incidido sobre os materiais
cerâmicos recolhidos no âmbito de diversas estruturas negativas identificadas
em Funchais 6, as análises tipológica e tecnológica permitiram determinar que a
ocupação do sítio teria decorrido entre os séculos X e XII.