Persistem, desde há quase vinte anos, dois problemas de
base na arqueologia portuguesa: as fortes limitações em termos de difusão social e a pouca espessura científica que atingem a grande maioria dos projectos concretizados. Por isso, continuamos a ter muito que evoluir para rentabilizar todas as potencialidades
da arqueologia que é encarada (quase sempre) por quem a paga como mero exercício de diletância dos seus praticantes ou como obrigação legal assumida com vista à obtenção de papéis ou assinaturas inerentes a licenciamentos.
É há muito evidente que temos poucos recursos para
concretizar uma arqueologia ambiciosa do ponto de vista da prática de campo e dos
processos de investigação ou de divulgação. Nunca se ultrapassaram
minimamente limitações históricas de afirmação social da arqueologia, indo-se muito pouco além do mero fascínio que cria na generalidade das pessoas.
Para alterar este persistente estado de coisas é
necessário que os arqueólogos em Portugal sejam muito mais conscientes do
significado social da sua profissão e efectivamente capazes de agir no
quotidiano de forma a afirmar o seu papel próprio.
Por isso, os arqueólogos portugueses não se podem
conformar com a persistência de baixos níveis de exigência e com práticas que
colocam em causa os pressupostos éticos e o sentido final da profissão; todos somos responsáveis
e todos pudemos fazer mais e melhor.
Sendo o património finito, é também uma fonte inesgotável
de conhecimento e de inspiração para o futuro que nos cabe, sobretudo a nós,
difundir. Por isso, tentemos ser mais e mais exigentes, justificando as possibilidades
e virtualidades da obtenção de resultados consistentes e socialmente disseminados.
Revelemos o nosso trabalho à comunidade...