quarta-feira, 30 de abril de 2014

061 12º Colóquio da Era

Este ano a ERA leva a Arqueologia e o Património Arqueológico a uma escola de Gestão, organizando o seu colóquio anual em parceria com o centro de investigação SOCIUS do Instituto Superior de Economia e Gestão.

Para além da habitual apresentação de trabalhos realizados e comunicações de análise crítica sobre a Arqueologia Empresarial e sobre Estudos de Impacte Ambiental, serão discutidos os resultados de um projecto FCT (que teve como instituições participantes a ERA, o IPT, o SOCIUS e o CIAS) relativos a estudos sócio-económicos de património arqueológico intervencionado em Arqueologia de Salvamento no Baixo Alentejo. Poderão ver o que as comunidades da região sabem, o que pensam e como avaliam o interesse e o valor económico e social desse património através de inquéritos realizados com metodologias científicas; poderão conhecer os projectos-piloto previstos para a transferência de conhecimento arqueológico, por forma a ser utilizado nas dinâmicas sócio-económicas locais; poderão reconhecer, perante dados concretos, problemas e potencialidades que se colocam à divulgação do conhecimento arqueológico.

É já no dia 16 de Maio, no Auditório da Caixa Geral de Depósitos, no Instituto Superior de Economia e Gestão (Entrada pela Rua do Quelhas, 6). 




10.00h – Projecto “Práticas funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo e retorno sócio económico de programas de minimização de impactes”: apresentação de resultados de estudos sócio-económicos. Justificação e objectivos.  
António Carlos Valera

10.20h - Arqueologia de Salvamento: Oportunidade Estratégica ou Custo Afundado?
Patrícia Caldeira Jorge

10.40h - O Valor Social de Programas de Valorização do Património Cultural: o Caso de Brinches e Sobreira de Cima.  
Isabel Mendes  e Manuel Coelho

11.00h - Uma questão de comunicação....para começar a conversa!!! 
Ana Calapez Gomes

11.20h - Criatividade e clustering na valorização turística em arqueologia de salvamento
Idalina Dias Sardinha, David Ross e Sandra Loureiro

12.00h – Debate

15.00h – O hipogeu calcolítico do Monte da Comenda 3.
Sandrine Fernandes e Sónia Ferro

15.20h – Quinta do Estácio 6. Exemplo de longa diacronia de um espaço de necrópole
(Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro).
Tiago do Pereiro e Rui Mataloto

15.40h – A produção de cal no período romano – O sítio do Magra 3 (Baleizão).
Lúcia Miguel

16.40h – Fracassos e novas práticas: repensar a avaliação de impactes em arqueologia.
Miguel Lago da Silva

17.00h – Vinte anos de arqueologia empresarial.
Henrique Pestana

quinta-feira, 17 de abril de 2014

060 A Idade do Bronze em Portugal: os dados e os problemas

Nos próximos dias 28 e 29 de Abril, decorrerá em Abrantes a Mesa Redonda "A Idade do Bronze em Portugal: os dados e os problemas". A organização do evento é da responsabilidade do Instituto Politécnico de Tomar e pretende reunir nestes dois dias investigadores de Norte a Sul do país que nos últimos se têm dedicado ao estudo de comunidades do II milénio AC. O NIA marcará presença, na pessoa do seu director, o Doutor António Carlos Valera, com uma comunicação intitulada Continuidades e descontinuidades entre o 3º e a primeira metade do 2º milénio a.n.e. no Sul de Portugal.




sexta-feira, 4 de abril de 2014

059 O sítio Mesolítico Antigo da Cruz da Areia

No actual contexto da produção científica, a diversidade e multidisciplinaridade são fundamentais para o desenvolvimento de novos paradigmas e o descortinar de novas questões. No âmbito da arqueologia, a geoarqueologia tem-se posicionado como uma das principais áreas de contacto transdisciplinar, na qual há ainda muito a acrescentar. Exemplo disso é o trabalho desenvolvido por Tiago do Pereiro no âmbito do seu mestrado em Geoarqueologia, tese que veio a defender no início de Março. Num esforço louvável, o signatário, insatisfeito com os resultados obtidos através dos tradicionais processos de análise de contextos arqueológicos, lançou-se na procura de alternativas que enriquecessem o estudo do sítio epipaleolítico da Cruz da Areia.
À costumeira análise de materiais líricos e sua respectiva dispersão espacial, foi acrescentado um conjunto de outras análises de pendor geológico. Entre elas, analises granulométricas dos sedimentos e o estudo morfométrico de balastros, este último procurando sobretudo evidenciar eventuais padrões na selecção dos suportes utilizados por estas comunidades na produção dos instrumentos e utensílios recuperados durante as escavações do sítio, bem como daqueles que acabaram por ser utilizados como termoacumuladores no âmbito das várias estruturas de combustão identificadas. Em conjugação com o trabalho de remontagem dos produtos de debitagem, a sua análise morfo-tecnológica e a sua dispersão pelos vários sectores, este estudo permitiu a despistagem de processos pós-deposicionais e o avanço de algumas leituras da biografiade ocupação do sítio. Foram evidenciadas áreas de actividade preferencial e diferenças substanciais entre níveis antrópicos e naturais, permitindo um faseamento  mais fino das várias utilizações. Por outro lado, este estudo poderá ainda servir de base a futuras análises em sítios menos conservados do que este, nos quais a movimentação vertical e horizontal de materiais inviabilize uma clara distinção dos níveis ocupacionais e respectiva segmentação espacial. 
Este trabalho surge assim como um importante exemplo de como (ainda) é possível pensar fora das gavetas nas quais espartilhamos o nosso conhecimento. As novas perguntas e novos caminhos que extravasem os limites da compartimentação com que castramos a inovação são a engrenagem dos motores da ciência, abrindo espaço para novas ideias e novas teorias, novas gavetas, que espartilhem com mais folga, até que venham mais perguntas e o processo recomece.


O Tiago defendeu a sua tese, intitulada “O sítio Mesolítico Antigo da Cruz da Areia: uma abordagem (Geo)Arqueológica”, no passado dia 14 de Março. Parabéns ao novo Mestre!