Apesar da esmagadora maioria da
Arqueologia contemporânea acontecer a “reboque” de grandes obras, não devemos
esquecer que ela prossegue objectivos específicos relacionados com processos
educacionais, de produção de conhecimento e de salvaguarda patrimonial.
Mais de quinze anos passados
desde a emergência em Portugal de uma Arqueologia verdadeiramente profissional,
continua a ser inaceitável a ausência de legislação específica sobre a sua sociabilização. Entretanto, ocorreram enormes projectos de obras abrangendo
vastos territórios. De entre eles, destacam-se os casos da Barragem do Alqueva e
as inúmeras auto-estradas que rasgaram o país, de norte a sul. O que sabem as
populações sobre os milhares de sítios arqueológicos escavados e estudados? Que
repercussões sociais ocorreram? Quantos casos implicaram articulação com
escolas? Não tenhamos dúvidas: activar o Património passa por alterar
mentalidades, interagir com populações e estimular os envolvidos na decisão e
implementação de obras. No entanto, sem vontade política e legislação
orientadora de objectivos a atingir, será difícil aos que ensaiam experiências
por conta própria, atingir uma efectiva alteração da realidade.