O NIA, Núcleo de Investigação da Era Arqueologia, está neste momento a participar no VI Encontro de Arqueologia do Sudoeste Peninsular, em Villafranca de los Barros (Badajoz), através da apresentação de quatro comunicações e um poster.
Juntamente com Ana Maria Silva, Ana Isabel Fernandes e Victor Filipe, António Valera apresentará a comunicação: "Os Hipogeus Neolíticos do núcleo C do Sítio Outeiro Alto 2: Práticas funerárias e paleobiologia dos restos ósseos recuperados".
O sítio arqueológico do Outeiro Alto 2 foi identificado em contexto de trabalhos de minimização da execução do Bloco de Rega de Brinches e intervencionado pela Era Arqueologia S.A. Revelou-se um local complexo, constituído por um recinto com fosso, fossas e hipogeus de cronologias e morfologias diversas. Foram definidos quatro núcleos de estruturas negativas (A,B,C e D) com cronologias que vão desde o Neolítico final até à Idade do Bronze. O presente trabalho aborda os 3 hipogeus identificados no núcleo C e cujos materiais associados sugerem uma cronologia do Neolítico final. Estes hipogeus revelaram inumações primárias e diversos ossos humanos desarticulados, provavelmente consequência de manipulações intensas ao longo do tempo. Será também apresentado e discutido o perfil biológico dos restos ósseos humanos exumados destes três hipogeus, como contributo para a caracterização dos indivíduos que foram sepultados nestes túmulos.
António Valera e Ana Maria Silva apresentarão ainda a comunicação: "A temporalidade dos Recintos dos Perdigões: cronologia absoluta de estruturas e práticas".
Nesta comunicação será apresentado um conjunto alargado de datações de radiocarbono relativas a várias estruturas dos recintos de fossos dos Perdigões. Estas datações são referentes a vários fossos e estruturas funerárias, permitindo aprofundar a temporalidade deste importante sítio arqueológico. Dispõe-se, agora, de uma sequência que revela uma longa diacronia de ocupação, desde o Neolítico Final até ao Calcolítico final / Idade do Bronze, ao mesmo tempo que se começa a delinear o desenvolvimento espacial do sítio ao longo dessa cronologia. Simultaneamente, este conjunto de datações permite começar também a ancorar no tempo a grande diversidade de práticas funerárias documentadas no sítio.
Com Lucy Shaw Evangelista, António Valera falará sobre o "Marfim no Recinto Calcolítico dos Perdigões (2): figuras antropomórficas e o problema da representação naturalista do corpo humano".
São apresentadas as figuras antropomórficas em marfim provenientes dos Perdigões, associadas a um conjunto de cremações datadas de meados / terceiro quartel do 3º milénio cal AC. Partindo da contextualização destas peças no contexto das produções de estatuária ideográfica do 3º milénio do Sul Peninsular, procura-se questionar a existência de um caminho de representações mais esquemáticas para outras mais naturalistas e uma procura da proporcionalidade do corpo humano nestas representações.
Articulando esta tendência com o carácter canónico da postura que estas representações antropomórficas parecem exibir, procurar-se-á explorar caminhos interpretativos sobre o desempenho social destas pequenas esculturas.
Ainda com Ana Maria Silva e com Tiago Tomé, António Valera vai apresentar os dados preliminares de um conjunto de inumações na região de Brinches, Serpa, numa comunicação designada "Práticas funerárias na Pré-História Recente do Baixo Alentejo".
Os últimos anos assistiram à descoberta e escavação de numerosos contextos funerários de cronologia pré-histórica no Baixo Alentejo, particularmente fruto do desenvolvimento de projectos de infraestruturas como aquelas relacionadas com o empreendimento da Barragem do Alqueva, entre outras.
Apresentamos aqui os resultados preliminares da análise que vem sendo desenvolvida no âmbito do projecto “Práticas Funerárias da Pré-História Recente no Baixo Alentejo e Retorno Sócio-Económico de Programas de Salvamento Patrimonial” (PTDC/HIS-ARQ/114077/2009), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, sobre os espólios osteológicos humanos provenientes de diversos contextos funerários do 4º ao 2º milénio a.C. da região de Brinches (Serpa), escavados em intervenções de minimização de impacto arqueológico levadas a cabo pela ERA – Arqueologia, Conservação e Gestão de Património.
Com base nos dados recolhidos em campo e posterior estudo laboratorial dos restos osteológicos humanos exumados, pretende-se contribuir para o conhecimento sobre as práticas funerárias e o perfil biológico dos indivíduos que foram inumados nesta região da Bacia do Guadiana na Pré-História Recente.
Finalmente, será apresentado um poster com o título "Os ossos humanos cremados da fossa 16 do recinto dos Perdigões: a quem pertenciam?", da autoria de Ana Maria Silva, António Valera, Inês Leandro e Daniela Pereira
Na área central do recinto dos Perdigões foi identificado uma fossa (16), contendo restos ósseos humanos, cerâmica e fauna diversa. A respectiva escavação veio revelar tratar-se de um depósito secundário correspondendo ao despejo de restos de ossos humanos cremados, restos faunísticos e cerca de meia centena de pontas de seta e fragmentos de ídolos em marfim, material que se apresentava igualmente intensamente queimado. O despejo deu origem a um formato cónico do depósito, cujas laterais foram depois preenchidas por outros 2 depósitos com escassos restos ósseos humanos mas abundantes restos faunísticos e alguma cerâmica.
Neste trabalho serão apresentados os resultados do estudo laboratorial dos restos ósseos humanos. Este revelou que todo o espólio ósseo humano esteve sujeito à acção de fogo, de diversa intensidade. Predominarem os vestígios ósseos sujeitos a altas temperaturas (> 900º), revelado pelas alterações registadas em termos de cor, tipo de fracturas e deformações. Este espólio terá pertencido a um mínimo de 9 indivíduos, 3 dos quais faleceram antes de atingir a idade adulta. Serão ainda apresentados algumas inferências sobre a prática funerária envolvida e dados demográficos, morfológicos e paleopatológicos dos restos ósseos recuperados.
Finalmente, será apresentado um poster com o título "Os ossos humanos cremados da fossa 16 do recinto dos Perdigões: a quem pertenciam?", da autoria de Ana Maria Silva, António Valera, Inês Leandro e Daniela Pereira
Na área central do recinto dos Perdigões foi identificado uma fossa (16), contendo restos ósseos humanos, cerâmica e fauna diversa. A respectiva escavação veio revelar tratar-se de um depósito secundário correspondendo ao despejo de restos de ossos humanos cremados, restos faunísticos e cerca de meia centena de pontas de seta e fragmentos de ídolos em marfim, material que se apresentava igualmente intensamente queimado. O despejo deu origem a um formato cónico do depósito, cujas laterais foram depois preenchidas por outros 2 depósitos com escassos restos ósseos humanos mas abundantes restos faunísticos e alguma cerâmica.
Neste trabalho serão apresentados os resultados do estudo laboratorial dos restos ósseos humanos. Este revelou que todo o espólio ósseo humano esteve sujeito à acção de fogo, de diversa intensidade. Predominarem os vestígios ósseos sujeitos a altas temperaturas (> 900º), revelado pelas alterações registadas em termos de cor, tipo de fracturas e deformações. Este espólio terá pertencido a um mínimo de 9 indivíduos, 3 dos quais faleceram antes de atingir a idade adulta. Serão ainda apresentados algumas inferências sobre a prática funerária envolvida e dados demográficos, morfológicos e paleopatológicos dos restos ósseos recuperados.