quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
0026 - Arqueologia, para quem?
Lisboa assistiu, nos últimos anos, à concretização de uma enorme quantidade de projectos de Arqueologia Urbana. Quase todos decorreram a propósito e em paralelo a intervenções de reabilitação ou requalificação urbana. A cidade muda e as intervenções sucedem-se, por vezes em torno de contextos arqueológicos de enorme importância científica e patrimonial. A ERA tem assumido a condução de diversas intervenções, algumas delas de grande envergadura e com impacto nítido em processos de produção de conhecimento.
Lisboa é um caso paradigmático e espelho das virtualidades e problemas da Arqueologia portuguesa. Formalmente existem níveis de exigência muito razoáveis, investe-se e concretizam-se muitas intervenções arqueológicas. No entanto, e Infelizmente, o cidadão comum de pouco ou nada vai sabendo: nem das pequenas ou enormes escavações, nem daquilo que permitem contar sobre o passado da sua cidade. A Arqueologia acontece escondida por tapumes, cristalizando-se em relatórios técnicos para arqueólogos.
A ERA tem procurado romper com este estado de coisas, indo para além das publicações científicas ou apresentações em congressos. Por isso, sempre que possível e quando os clientes aceitam, os trabalhos são devidamente sinalizados com informação específica para o público. É raro e muito pouco. Temos que ir claramente mais longe, demonstrando aos clientes que o seu investimento em Arqueologia pode ter como retorno muito mais do que um mero papel autorizando a sua obra a prosseguir.
Devemos insistir em mudanças de fundo que permitam activar publicamente a Arqueologia. De facto, não deveriam a tutela do Património e Arqueologia e a Associação Profissional de Arqueólogos estar empenhadas neste processo? Não deveria a legislação ser revista passando a enquadrar a Arqueologia, de forma inequívoca, como actividade ao serviço do cidadão? Não deveriam os processos de minimização de impactes sobre bens arqueológicos implicar, como obrigação por parte dos promotores, uma clara divulgação do que é concretizado e dos resultados produzidos? Não deveria a Arqueologia ser vista por todos, tornando-se verdadeiramente um bem Público?
Afinal, para que serve a Arqueologia?
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É preciso começar a atrair os media para este nicho, tal como já acontece lá por fora!
ResponderEliminarPenso que a natureza pública da Arqueologia deveria implicar um alargado conjunto de responsabilidades de comunicação por parte dos envolvidos em processos arqueológicos: tutela(s), promotores, empresas de arqueologia e arqueólogos. Antas, durante e após a sua execução.
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