sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
0022 - Pode ser bom; pode ser mau...
São cada vez mais os adeptos dos diagnósticos arqueológicos. Mas, na verdade, apenas daqueles em que, pela sua consistência, se torna possível verificar a importância científica e patrimonial de um sítio arqueológico e planear adequadamente futuras intervenções: as arqueológicas, ou outras relacionadas com o uso dos territórios. Para obter um bom diagnóstico, é fundamental competência técnica e científica, a que se acrescentam a capacidade de organização e de mobilização dos recursos adequados.
Mas o diagnóstico, que deve ser realizado a tempo e horas, pode ser apenas o princípio de um longo caminho. Que aqueles que são bem feitos ajudam a conhecer previamente, evitando-se surpresas de maior. Assim, é um erro crasso esquecer os dados de um diagnóstico consistente , apesar de, por vezes, ser tentador empurrar para longe aquilo que demonstra, quase sempre: erros daqueles que planearam antes de conhecer (ou procuraram sequer conhecer) os resultados da Arqueologia.
Infelizmente, como sabemos, em Portugal temos enormes problemas de planeamento e, por isso mesmo, não estranhamos que em Arqueologia ainda se trabalhe tão mal a esse nível.
Por isso, temos tantas obras em que a Arqueologia, apesar de limitada a áreas restritas, depois de se “instalar”, parece nunca mais terminar. Nesses casos, donos de obra promovem trabalhos de Arqueologia sem que aqueles que os realizam se comprometam com objectivos claros, datas, recursos ou custos. É o típico, “vai-se andando”, “vai-se vendo o que aparece”, vai-se deixando andar uma Arqueologia descontrolada e, quase sempre, concretizada com recursos desadequados. Curiosamente, tudo isto é mais típico de empreendimentos públicos. Infelizmente. Porque, no final, pagamos todos nós demais e o Património sai, quase sempre, muito mal tratado.
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