A Internet é uma notável aquisição para a comunicação e partilha de informação. Mas, como todas as ferramentas, não está imune à má utilização, No caso que relato, chega a ser hilariante a "caldeirada" noticiada a propósito da descoberta do recinto de Xancra e que poderão consultar aqui: http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/1/arqueologia01.htm
Apenas algumas notas:
1 - Começa pelo título: "descoberta de uma xancra". Aparentemente não perceberam que Xancra é o nome do sítio e não de um tipo de sítio, o qual chegam a definir : "A imagem dessa nova Xancra – palavra que designa um sítio arqueológico ainda não escavado e aparentemente em notáveis condições de preservação (...)"
2- Logo por baixo aparece a imagem do meu colega Rui Boaventura, que nada tem a ver com o caso, e que documenta a sua descoberta, acompanhado pela descendência, de um ídolo no sítio de Pombal, bem distante de Xancra. Acontece que essa imagem foi publicada no mesmo número da revista Apontamentos de Arqueologia e Património em que foi publicado o artigo sobre a geofísica de Xancra.
3 - Depois publica-se uma nova imagem, legendada como sendo de Xancra e referindo um fosso cheio de materiais calcolíticos, mas que corresponde a um dos hipogeus escavados pela ERA no Porto Torrão.
E no fim disto tudo remete-se o leitor para a Apontamentos.
Faltam as palavras para classificar este tipo de situações, as quais, contudo, servem para que os utilizadores acríticos da net, nomeadamente estudantes, ganhem consciência que a "crítica das fontes" não se aplica apenas aos documentos em pergaminho ou papel. A internet é uma ferramenta notável, que potenciou tudo. O bom e o mau.
Sem comentários:
Enviar um comentário