sábado, 12 de janeiro de 2013

042 - Os perigos da desinformação

A Internet é uma notável aquisição para a comunicação e partilha de informação. Mas, como todas as ferramentas, não está imune à má utilização, No caso que relato, chega a ser hilariante a "caldeirada" noticiada a propósito da descoberta do recinto de Xancra e que poderão consultar aqui: http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/1/arqueologia01.htm

Apenas algumas notas:

1 - Começa pelo título: "descoberta de uma xancra". Aparentemente não perceberam que Xancra é o nome do sítio e não de um tipo de sítio, o qual chegam a definir : "A imagem dessa nova Xancra – palavra que designa um sítio arqueológico ainda não escavado e aparentemente em notáveis condições de preservação (...)"

2- Logo por baixo aparece a imagem do meu colega Rui Boaventura, que nada tem a ver com o caso, e que documenta a sua descoberta, acompanhado pela descendência, de um ídolo no sítio de Pombal, bem distante de Xancra. Acontece que essa imagem foi publicada no mesmo número da revista Apontamentos de Arqueologia e Património em que foi publicado o artigo sobre a geofísica de Xancra.

3 - Depois publica-se uma nova imagem, legendada como sendo de Xancra e referindo um fosso cheio de materiais calcolíticos, mas que corresponde a um dos hipogeus escavados pela ERA no Porto Torrão.

E no fim disto tudo remete-se o leitor para a Apontamentos.

Faltam as palavras para classificar este tipo de situações, as quais, contudo, servem para que os utilizadores acríticos da net, nomeadamente estudantes, ganhem consciência que a "crítica das fontes" não se aplica apenas aos documentos em pergaminho ou papel. A internet é uma ferramenta notável, que potenciou tudo. O bom e o mau.


1 comentário:

  1. Verifico que infelizmente o que escreve é verdade. Imaginação a mais, talvez, mas o cuidado e o trabalho sério é apanágio do empenho, o que não é o caso que expões, lamentável de facto.
    Contudo, para quem faz investigação fora dos sítios arqueológico debate-se com imensos problemas; o acesso a informação, relatórios, enfim um conjunto de informação que, na minha opinião, deveria ser cedida, pelo menos aos Municípios onde os trabalhos decorrem. Assim talvez os trabalhos de investigação pudessem ser mais fundamentados em factos científicos e não em conjeturas, muita dela baseada em escritos dos séculos XVI, XVII e seguintes.
    Não sou arqueólogo nem tenho de o ser para exprimir esta minha opinião.
    A arqueologia, defendo-a sempre que faço apresentações publicas, seja em colóquios, palestras, conferência e, até mesmo no livro que lancei,e nos trabalhos que estou a preparar.
    Mas entristece-me a dificuldade de acesso a essa informação.
    Terminando,estou de acordo consigo quanto à situação que apresenta.
    Abraço cordial
    Carlos Fidalgo

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