sexta-feira, 29 de março de 2013

049 - Uma janela de oportunidades




No passado fim-de-semana decorreu mais uma Assembleia-geral da APA - Associação Profissional de Arqueólogos. O desenrolar dos trabalhos faz-me acreditar que se reuniram condições mínimas para um reactivar da associação. Em síntese:
- por manifesta irregularidade na sua forma de apresentação, foi retirada a candidatura da única lista que se apresentou às eleições;
– sem candidatos, foi adiado o processo eleitoral e novas eleições deverão ser agendadas para o Verão;
– foi aprovado um "perdão" parcial da dívida dos cerca de 350 associados actualmente suspensos (95% dos sócios).
Estes factos e o próprio ambiente vivido na Assembleia-geral, em que se assumiram de frente os problemas actuais, criaram uma janela de oportunidades para o (re)abrir do diálogo entre a APA e os arqueólogos, independentemente da sua condição de associados.
Para que a associação desempenhe a sua função junto dos arqueólogos, será fundamental implementar uma ambiciosa estratégia de comunicação que permita, por um lado, demonstrar aos associados suspensos que vale a pena regressar à vida associativa, e por outro, que possibilite a entrada de novos sócios. Sob este aspecto, é de destacar a aprovação na Assembleia-geral de uma campanha de angariação de novos associados, assente em vantagens garantidas durante o ano de 2013 pela forte redução de custos de inscrição.
É evidente que continuo a acreditar que a minha proposta de “perdão” total das dívidas acumuladas seria a mais simples, pragmática e capaz de assegurar aquilo que julgo ser pretendido por quase todos, ou seja, o retorno dos sócios e a emergência de uma renovada dinâmica interna. A mera aprovação de uma anulação parcial das dívidas pode não ajudar...veremos.
Infelizmente, dado que a actual equipa directiva não parece reunir condições para estabelecer pontes eficazes de diálogo com os associados, penso que o futuro da APA passa fundamentalmente pela capacidade de análise, discussão e acção que grupos de sócios venham a demonstrar ter. Seria muito vantajoso que, dessa desejada dinâmica, surgissem diversas correntes de opinião que convergissem em mais do que uma candidatura a apresentar às próximas eleições.
Independentemente de tudo, na base do futuro da associação estará sempre uma pergunta que tem que ser respondida: porque vale a pena apostar na APA?

6 comentários:

  1. temos mais ou menos dois meses para responder a essa pergunta.
    vamos começar já na próxima 2ª feira, na faculdade de letras de lisboa, aproveitando o evento "arqueologando"?

    https://www.facebook.com/events/527132517337103/permalink/527132520670436/

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  2. Drª Maria José de Almeida, se me permite, tentem também promover-se junto dos alunos de arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Será simples, contactando o Núcleo de Arqueologia dos alunos daquela faculdade, certamente que apresentando uma qualquer proposta para uma sessão de apresentação da APA, ou solicitando o envio por e-mail dos objectivos da associação e da importância que terá no futuro dos jovens arqueólogos.
    A questão dos custos para recém licenciados parece-me, também, bastante importante, pelo que espero a publicação "oficial" das novas "tabelas" para 2013. Não surgiu ainda nenhuma notícia no site da APA sobre esta matéria, que no espaço de dois meses foi atacado por piratas informáticos (primeiro do Bangladesh e ontem mesmo, da Síria, tanto quando era possível ver na mensagem que lá alojaram), pelo que, não sei se há dados de sócios alojados no site ou não, mas será prudente analisar a questão da segurança da informação aí depositada.
    Quem já exerce arqueologia sabe certamente que, as dificuldades de colocação dos recém licenciados (ou mestres) no mercado é muito complexa e, maior parte de nós, mesmo que pense em associar-se à APA, acabar por não o fazer, pois o custo financeiro não trás retorno profissional. Melhor dizendo, tanto quanto tenho acompanhado, além de algumas parcerias que a associação apresenta no site - um stand de automóveis em Oliveira de Azeméis, uma cadeia de hotéis e FLUL/UNIARQ - o benefício para associados passa pelo aconselhamento jurídico e pelos descontos em actividades da Associação.
    Mas, qual é o papel desta Associação junto dos novos arqueólogos? Eu sei, estão lá os estágios profissionais, mas também sei que se chegaram a funcionar, foi apenas em uma ou duas circunstâncias.
    Não sou associada, mas acompanho esta questão, sem uma Associação forte e que represente o sector, qual será o peso dos arqueólogos na sociedade? Perdendo peso a profissão, perdem também os monumentos, os sítios e a sua defesa e salvaguarda.
    Além disso, quem faz arqueologia todos os dias tem que pensar realmente se não vale a pena ter uma associação forte, com peso e capacidade de apresentar propostas, de reunir com organismos públicos e de salvaguardar os interesses profissionais e, consequentemente, os interesses do património cultural.
    Uma Associação tem que ter mais de 18 sócios com quotas em dia porque, perante a sociedade civil, esse número não legitima praticamente nada.
    Além do mais, quem ocupa cargos dirigentes nesta fase difícil do país, tem que estar munido de força, convicção, dinamismo e garra suficiente para travar batalhas inglórias e desgastantes.
    Julgo que ninguém exige demais, mas a APA tem uma missão que não deve ser deixada cair por terra.
    Será preciso energia a quem se envolver a fundo na revitalização da associação, mas ninguém que avance para corpos dirigentes deve esquecer que aquilo que cada um faz no seu posto de trabalho, e também a imagem que passa à sociedade do que é ser arqueólogo.

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    1. O silêncio pós-Assembleia-geral começa a ser inquietante mas enquadra-se no figurino a que nos habituou a actual direcção da APA.
      O comentário anterior é absolutamente pertinente, tocando em questões centrais: necessidade de comunicar convenientemente com associados e potenciais associados, articulação com futuros arqueólogos no seu contexto de formação universitária, interrogação sobre vantagens de integração na APA, saídas profissionais complicadas, inconsistências da associação e das prioridades que foram assumidas de que são exemplo claro os protocolos assinados e os estágios nunca concretizados, (in)visibilidade social da profissão e limitações inerentes ao voluntariado de que depende a instituição.
      O diagnóstico está feito; agora, que se apresentem as candidaturas aos corpos sociais e que se promova o debate interno.

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    2. A APA deve promover-se junto dos alunos da FLUP, dos alunos da FCSH, da FLUC, da UÉ, da UALg... e muito mais.

      A APA tem falhado assustadoramente na comunicação nos últimos três anos e o esvaziamento da associação é também consequência dessa falha.

      Mas é preciso lembrar que é à direcção em funções que cabe - sobretudo depois da AG de 23 de Março - promover a APA. As propostas que foram aprovadas são essenciais para tentar renovar a APA e mobilizar antigos e novos associados se... forem conhecidas. Se não forem divulgadas, se o prazo para a sua aplicação for demasiado curto, servem... para deitar fora.
      Eu não tenho funções executivas nos corpos gerentes da APA.
      Nesta questão, a única (?) coisa que posso fazer é como associada e estou a tentar: apresentei na AG duas propostas que pretendem ser parte da solução, ofereci depois a minha disponibilidade à direcção para colaborar em todas as tarefas de divulgação e comunicação necessárias para que a próxima AG seja de facto um ponto de viragem na história da APA.

      Se a direcção não quiser a minha colaboração, continuarei a falar e a escrever publicamente para quem me quiser ouvir e ler!

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    3. Não pudemos nem devemos esperar pela direcção da APA que está desfasada da realidade. Agora é tempo de avançar com propostas e de demonstrar que a associação pode funcionar a sério, em benefício dos arqueólogos e do património arqueológico. O impasse de anos vai, certamente, chegar ao fim. Quem terá vontade de “pedalar”?

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