sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

0014 - Holocénico revisitado (2)

A 4 de Janeiro de 2005 dizia:

““Na expressão grega paideia ressoa algo da leveza e da inocência do jogo infantil. O seu “objecto” próprio, se é que se pode aplicar de todo esta palavra, é o belo. Este significa tudo aquilo que, sem ser útil para alguma coisa, se recomenda por si mesmo, de modo que nenhum homem pergunta para que serve.”
HANS-GEORG GADAMER, Elogio da Teoria

Há muito disto na Arqueologia e no conhecimento que produz.”

Nos últimos dias estive envolvido numa iniciativa da ERA em que se me pediu algo que procurasse demonstrar a razão de ser da Arqueologia. E relembrei a “paideia” grega e a importância de pensar para além do útil, um vício deprimente dos nossos tempos e que, aparentemente, apenas a arte parece saber combater (não sem dificuldade).

Mas no que me coube produzir senti simplesmente prazer e realização, e sabendo que poderá ser útil (dentro de uma perspectiva funcionalista do mundo), não pude deixar de sentir que não estava muito errado quando há sete anos afirmava que a Arqueologia pode ambicionar ao belo, sem mais.

António Carlos Valera

1 comentário:

  1. A utilidade das coisas é sempre muito relativa. O que é útil para uns pode ser inútil para outros; depende do contexto, da pessoa e da sua formação, valores, cultura...
    A Arqueologia é quase sempre fascinante, para quase todos. Porque fala de nós, que nos entendemos melhor desde que ancorados num passado. Por mais voltas que se dêem, o passado ajuda a dar um sentido ao que somos em cada momento, individual e colectivamente. E mostrar isso, pode ser tão simples!

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