Após três anos de um mandato manifestamente infeliz a APA
vai reunir em Assembleia Geral, convocada para eleger novos corpos sociais. A
reunião, a decorrer no final de Março, corre o sério risco de fazer juntar menos
de uma dezena dos cerca de quatrocentos associados. Perante isto, é evidente
que a APA, depois de um lento definhar ao longo de vários anos, está agora à
beira do fim. Como arqueólogo e como responsável da ERA Arqueologia, considero que
a situação é muito preocupante.
Face à necessidade estratégica de agir e de procurar
mobilizar os arqueólogos em torno de causas fundamentais para o incremento da
profissão e respectiva afirmação social, a actual direcção mais não fez do que
assistir impávida e serenamente ao esvaziar da missão da APA e à debandada
quase total dos seus associados. É provável que hoje, por terem as quotas em
dia, apenas vinte sócios estejam em condições de votar. A mudança é quase
impossível.
Mas, porque será que já quase ninguém paga as quotas? A
resposta é simples: porque já quase ninguém acredita na APA. A motivação é
nula, a descrença parece irreversível e poucos acreditam no pagamento das dívidas em atraso.
Será definitivo este afastamento da esmagadora maioria dos sócios?
Em contraponto ao actual sistema em que os arqueólogos são regulados
e controlados pela tutela ou pelas entidades empregadoras, acredito num modelo
assente na auto-regulação dos profissionais. Por isso, considero fundamental a efectiva
reactivação da APA. Em benefício dos arqueólogos e do nosso património arqueológico.
Mas, como reabilitar a APA? Como se explica o silêncio da
actual direcção face ao aproximar das eleições? Que justifica a sua falta de
vontade em motivar os associados a participarem no acto eleitoral, nomeadamente
através da discussão de ideias e projectos?
Para acreditar que uma mudança ainda é possível na APA,
proponho um roteiro simples:
1 – que nenhuma candidatura seja agora apresentada uma vez
que nas actuais circunstâncias qualquer eleição estará ferida de morte pela sua
escassa representatividade;
2 – que seja aprovado, já na próxima Assembleia Geral, um
perdão generalizado das dívidas acumuladas pelos sócios, criando-se condições
para o seu regresso a uma plena participação na vida associativa;
3 – adiamento das eleições para futura Assembleia Geral e
mobilização dos sócios em torno de ideias e projectos alternativos que possam
ir a votos.
O perdão das dívidas é uma solução milagrosa para o relançamento
da APA? Não. A solução está na participação dos sócios, de muitos sócios, nas
suas ideias e na sua capacidade de agir. Perante a óbvia incapacidade e falta
de vontade da generalidade dos sócios em pagar as quotas em atraso, esta parece-me
a única alternativa que ainda poderá viabilizar o regresso dos associados ao
palco da acção. Se tal não acontecer e se os arqueólogos não agarrarem tal
oportunidade, deverá ser frontalmente assumida a falência da APA.